Polícia Federal - A Lei é para Todos (e esse filme também)


Quem me conhece sabe que sou cricri, enjoada, desconfiada e, apenas nesse caso, preconceituosa com o cinema nacional. E tenho meus motivos que vão muito além de o filme ser feito no Brasil. Nada contra o país onde nasci fazer filmes, mas que faça direito, que me faça ter vontade de sair de casa e gastar meu dinheiro na bilheteria com uma produção nacional ao invés de assistir algo realmente atrativo para mim, o tradicional cinema de Hollywood
Acontece que os filmes nacionais ou são confusos, ou conhecidos por um grupo específico, ou o mal triunfa sobre o bem ou é recheado de chamarizes para fãs sem um enredo bom e que servem apenas para que o fã veja o artista numa tela grande. Já vi filmes desse tipo no cinema quando Gugu Liberato participou de filmes dos Trapalhões. E o atrativo era ele, ao menos para mim. Da mesma forma encarei os 3 filmes do cantor Roberto Carlos na época da Jovem Guarda que aluguei para assistir no auge da era do vídeo cassete. 
Vi alguns interessantes como O Auto da Compadecida, na TV. Mas ele tinha uma linguagem muito regionalizada que eu não conseguia compreender mas valeu para ver Fernanda Montenegro no papel de Nossa Senhora Aparecida. Vi também com essa mesma atriz o "aclamado" Central do Brasil. Me decepcionei. E também Tapete Vermelho, que dizia ser a estória de um fã de Mazzaropi interpretado por Matheus Naschtergaele e sua saga para ver um filme do famoso cineasta, ator e diretor dos anos 1950. A maior decepção cinematográfica da minha vida.
Vi também duas biografias, Lula o Filho do Brasil, independente de qualquer acontecimento, queiram ou não, é uma biografia interessante. E também a de Zezé Di Camargo e Luciano sob a visão do pai deles. Divertido, só isso.
E depois, os melhores filmes nacionais já feitos: Tropa de Elite e Tropa de Elite 2 O Inimigo Agora é Outro. Esses sim FILMES magníficos, com tudo que um filme precisa ter para  eu gostar. Não me importo com críticas positivas nem negativas. Se quero ver, vou lá e vejo. E se me arrepender, azar o meu.
Bom, o fato é que fazem 10 anos que não vejo filmes nacionais que realmente me atraiam.
Há algumas semanas um amigo me marcou no Facebook quando postou a opinião dele a respeito do filme Polícia Federal, a Lei é para Todos. Segundo ele, o filme era f***. Apenas um dos muitos comentários que li.
Ontem fui assistir, movida pela curiosidade, atraída pelo assunto, e estimulada pela opinião do meu amigo que me deu coragem de romper minhas barreiras de preconceito, ir com a mente aberta, sem pre julgar mas foi inevitável a luzinha da desconfiança acesa a cada recomendação ou crítica profissional.
Mas assim que começou, tudo isso foi rompido. Estava com meus olhos imóveis na tela, como se estivesse vendo um filme de James Bond. Saboreando cada cena na expectativa de saber o que viria a seguir. Um filme muito dinâmico, que conseguiu dar um ritmo de espionagem bem à maneira de Hollywood só que de um jeito bem realista e bem brasileiro já que era feito em cima de acontecimentos reais. Eletrizante.
Os atores que representavam personagens reais como o Juíz Sérgio Moro (Marcelo Serrado), numa referência já que o nome do juíz nunca é citado no filme e que não passou despercebido pois quem assistiu TV nos últimos tempos sabe de quem se trata. E é inegável a semelhança física quase perfeita do ator com o magistrado.
E também de Lula (Ary Fontoura).
Ambos foram perfeitos não só na interpretação como também a caracterização.
O ritmo de uma investigação como aquelas dos filmes americanos mais levados para a inteligência sem tiros e explosões mexia com o cérebro, me fazia investigar também junto com os policiais federais interpretados por Antônio Calloni, Flávia Alessandra e Bruce Gomelevsky
Tudo respeitando os fatos reais e mesclando ficção para dar o ritmo certo.
Vale destacar também a ousadia do diretor de colocar em cena uma aparição real da ex - Presidente Dilma Rousseff retirada de um noticiário da época e também o famoso áudio (original com as vozes de Dilma e Lula) onde ela o nomeia a um Ministério e dá instruções a respeito do termo de posse.
E as cenas pós créditos onde os políticos verdadeiros aparecem durante depoimentos em Brasília, fechando com uma frase de efeito do personagem de Calloni. Sem "inventar final bonitinho".
O diretor Marcelo Antunez já confirmou em entrevista no programa do Danilo Gentilli que haverá uma "parte 2" desse filme. Já estou ansiosa, já quero ver. E recomendo à todos que na primeira oportunidade que tiverem vão assistir. Vale cada centavo gasto no ingresso.

PS: Post dedicado aos atores, produtores, ao diretor Marcelo Antunez e à todos que trabalharam de alguma forma para esse filme existir. 

Comentários